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28/08/2023

Estimativa para crescimento em 2023 é de 6,3% para carteira de crédito livre e de 9,8% para famílias

Pesquisa aponta melhora na estimativa para crescimento da carteira de crédito  para as famílias, mas projeção para a carteira total mostra ligeiro viés de acomodação

 

A projeção feita pelos bancos para a expansão do mercado de crédito livre para as famílias brasileiras permanece apresentando melhoras em 2023, mostra a Pesquisa Febraban de Economia Bancária e Expectativas de agosto. O crédito destinado às pessoas físicas deve ficar em 9,8% ao final do ano, ante os 9,3% estimados na última pesquisa de junho, impulsionado pela resiliência do mercado de trabalho e medidas de estímulo ao consumo. Em maio os bancos esperavam crescimento de 8,5% ao ano.

O resultado previsto para as famílias melhorou a expectativa para o desempenho do crédito livre, que passou de 6,1% para 6,3%. Por outro lado, a projeção para o crédito livre para as empresas apresentou queda de 2,4% para 1,7%, em um reflexo dos números fracos observados até o momento no segmento, impactado pelo aumento da percepção de risco e juros elevados.

O levantamento é realizado a cada 45 dias, logo após a divulgação da Ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) e mostra a estimativa dos bancos para vários aspectos da economia no ano. Esta edição foi feita com entrevistas com 19 bancos entre 9 e 15 de agosto. Com este olhar para a frente, essa pesquisa se diferencia da Pesquisa Especial de Crédito, divulgada mensalmente e que procura antecipar os números do mês anterior divulgados pela Nota de Política Monetária e Operações de Crédito do Banco Central

Já em relação ao crescimento da carteira de crédito total, se mantem a gradual revisão baixista identificada no levantamento anterior – a expectativa agora é de alta média de 7,6% em 2023, levemente abaixo ante 7,8% captados na pesquisa anterior, de junho, mas ainda próxima da atual projeção do Banco Central, de 7,7%.

Esse resultado acompanha a Pesquisa Especial de Crédito de julho, divulgada na segunda-feira, dia 21, que já apontava que o saldo total de crédito deve apresentar leve retração de 0,2% em julho. 

“A revisão foi puxada pelo menor crescimento esperado da carteira direcionada, cuja expectativa de expansão passou de 9,7% para 9,3%, com piora na projeção tanto no crédito destinado às empresas - de 7,7% para 7,2% - como para as famílias - de 10,7% para 10,6%”, analisa Rubens Sardenberg, diretor de Economia, Regulação Prudencial e Riscos da Febraban.

O diretor ressalta que “apesar da revisão baixista, vale notar que a expansão esperada para esta carteira ainda é elevada, próxima a dois dígitos, beneficiada pelo novo Plano Safra, programas públicos de crédito e alguma retomada das operações do BNDES”.

Para 2024, a projeção para a expansão da carteira total foi revisada para cima, de 7,4% para 7,9%, com a alta liderada pela carteira com recursos livres (de 7,7% para 8,6%). Para Sardenberg, possivelmente esse crescimento “reflete o cenário com juros menores e recuo da inadimplência no próximo ano, que deve favorecer a expansão do crédito”.

A expectativa para o índice de inadimplência na carteira Livre em 2023 subiu ligeiramente, para 4,9%, antes 4,8% no levantamento anterior. Assim, os participantes esperam estabilidade do indicador até o final do ano (segundo os últimos dados do Banco Central, a taxa ficou em 4,9% em junho. Por outro lado, a projeção melhorou para 2024, passando de 4,6% para 4,5%, sinalizando queda com relação ao nível esperado para este ano.

Selic

Em relação aos próximos passos do Copom, de acordo com a Pesquisa, a grande maioria (83,3%) dos participantes da Pesquisa espera cortes de 0,5 pp em todas as reuniões até o final do ano, conforme sinalizado pela autoridade monetária na última Ata. Neste sentido, a expectativa é de a Selic encerrar 2023 em 11,75% ao ano e seguindo em queda até março de 2024, quando chegaria a 10,75% aa.

Dentre os pontos destacados pelo Copom como possíveis motivos para as expectativas de inflação de longo prazo ainda não estarem ancoradas na meta, a maioria dos participantes (66,7%) entende que o risco fiscal, ou seja, o não cumprimento das metas de resultado primário, é o mais relevante. Nesta direção, 61,1% dos participantes seguem preocupados com as incertezas relacionadas à questão fiscal e seu possível efeito (altista) na inflação, apesar de o Copom ter retirado tal ponto do seu balanço de riscos.

Cenário externo

A maioria dos analistas consultados (61,1%) entende que a desaceleração da inflação deve ocorrer conforme precificado nos Estados Unidos e na Europa. Contudo, o viés é de alta, dado que o restante (38,9%) espera uma resiliência maior da inflação, enquanto ninguém acredita em uma desaceleração mais célere.

Inadimplência

Quanto à inadimplência da carteira Livre de pessoas físicas, a maioria dos participantes (68,8%) espera alguma estabilidade do indicador até o fim do ano, enquanto apenas 6,3% esperam que siga em alta. Houve mudança no sentimento dos analistas, dado que na pesquisa anterior, 47% ainda esperavam que o indicador continuasse subindo.

A íntegra da pesquisa pode ser acessada neste link

 

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