Palestrantes defendem revisão de currículo para aproximar universidades e empresas

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Promover uma revisão dos currículos universitários, um maior intercâmbio de práticas acadêmicas e corporativas e intensificar a busca da diversidade nestes dois segmentos foram as principais sugestões levantadas no “1º Encontro de Universidades – A busca pela sinergia entre a educação acadêmica e a corporativa”, realizado em outubro pelo INFI – Instituto FEBRABAN de Educação, em São Paulo.

Promover uma revisão dos currículos universitários, intensificar a busca da diversidade nestes dois segmentos e estimular o uso de metodologias ativas para o aprendizado, onde o aluno é protagonista, foram as principais sugestões levantadas no “1º Encontro de Universidades – A busca pela sinergia entre a educação acadêmica e a corporativa”, realizado em outubro pelo INFI – Instituto FEBRABAN de Educação, em São Paulo.

Com a meta de desenvolver uma agenda em conjunto entre instituições de ensino e empresas, as conclusões do evento serão debatidas em um fórum online _ a ser formado entre os participantes do encontro, que reuniu profissionais de renomadas universidades acadêmicas e corporativas. O comitê organizador também desenvolverá um projeto para o intercâmbio de profissionais da academia e do mercado de trabalho.

“O objetivo do encontro foi buscar a sinergia entre os dois tipos de instituições no que se refere à construção de currículos, o uso de novas metodologias e disseminação das tecnologias do aprendizado”, explicou Fábio Moraes, diretor de Educação Financeira da FEBRABAN.

Graziella Maria Comini, coordenadora do curso de graduação em Administração da FEA/USP, faculdade que sediou o evento, afirma que parcerias com organizações privadas já fazem parte do cotidiano das instituições, mas acredita que as empresas poderiam se envolver mais em ações dos cursos universitários. “Vamos escrever um case juntos, vamos fazer um desafio e colocar em sala de aula”, propõe.

Do lado corporativo, Elka Juttel, gerente de equipe multidisciplinar da Unibrad (Universidade Corporativa do Bradesco), informa que o banco tem grandes parcerias com as instituições de ensino. Ele cita o projeto Jornada para o Futuro, realizado entre diversas empresas e a Cia de Talentos, que auxilia escolas e professores com conteúdo sobre competências socioambientais buscadas pelo mercado de trabalho.

Fátima Gouveia, superintendente executiva de RH no Santander, diz que uma maior aproximação entre as universidades é necessária para acelerar a transformação já em desenvolvimento no mercado de trabalho. “Há a necessidade de levar para dentro do mundo acadêmico o dia a dia das organizações.”

No evento também foi realizada a primeira edição do Prêmio INFI-FEBRABAN - Melhores Artigos em Educação Corporativa e Acadêmica, que distribuiu prêmios de um total de R$ 12 mil.

Humberto Maturana

A palestra magna do evento foi proferida pelo neurobiólogo chileno Humberto Maturana, conhecido pelas suas teses originais sobre o “pensamento sistêmico”, a defesa de uma visão interdisciplinar e interdependente sobre a natureza, as pessoas e as organizações _ uma referência entre interessados em epistemologia. Ao lado de Maturana estava Ximena Paz Dávila Yáñez; ambos são fundadores e diretores do Instituto de Formação Matriztica, no Chile.

Maturana e Yáñez (foto) abordaram o papel da educação na convivência entre os seres humanos. Maturana afirmou que não há possibilidade de diálogo se as corporações estiverem interessadas exclusivamente em lucro, atitude que cria um abismo entre as universidades. “Se sou uma corporação interessada em gerar um espaço adequado para a convivência, dentro dos aspectos social e público, então pode-se conversar com a academia com o propósito de conhecer o mundo.”

Na análise de Ximena Yáñez, os estudantes de hoje ainda não estão preparados para enfrentar o mercado de trabalho. “É necessário ter mais habilidades, sobretudo autonomia e a segurança de seu conhecimento”, diz. “O conhecimento técnico, por si só, não é suficiente.” Ela ressalta que as universidades precisam investir, primeiramente, em um trabalho que entenda o aluno como um ser humano. “É uma plataforma básica.”

 

 

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