FEBRABAN propõe reforma do ambiente de crédito para reduzir spread
O Brasil precisa realizar uma ampla reforma no ambiente de crédito para garantir uma redução estrutural do spread bruto - a diferença entre as taxas cobradas nas concessões de crédito e as taxas de captação das instituições financeiras. Esta é uma das principais conclusões de um estudo divulgado recentemente pela FEBRABAN, feito pela empresa de consultoria Accenture, para analisar as causas do alto custo do spread bancário no Brasil.
O Brasil precisa realizar uma ampla reforma no ambiente de crédito para garantir uma redução estrutural do spread bruto - a diferença entre as taxas cobradas nas concessões de crédito e as taxas de captação das instituições financeiras. Esta é uma das principais conclusões de um estudo divulgado recentemente pela FEBRABAN, feito pela empresa de consultoria Accenture, para analisar as causas do alto custo do spread bancário no Brasil.
O estudo comprovou que a razão principal pela qual os spreads brutos são mais altos no Brasil, em comparação a outros países, está nos custos elevados da intermediação financeira. Os custos associados a inadimplência, tributação, depósitos compulsórios e outros elementos do sistema de regulação são bem mais altos no Brasil que em países emergentes relevantes, como Chile e Turquia, por exemplo.
Os custos mais elevados no Brasil explicam mais da metade da diferença no spread de crédito em relação aos outros países. Segundo a pesquisa, as despesas com provisões para empréstimos não pagos representam 4,5% da carteira de credito dos bancos, uma proporção 2,5 vezes maior do que o dos países emergentes da amostra, cujas provisões representam em média 1,8% da carteira de crédito. Em relação aos países desenvolvidos, o custo da inadimplência no Brasil é mais de 11 vezes maior.
O custo financeiro, medido pela divisão das despesas de juros dos bancos pelo total de ativos rentáveis nestas instituições é 2,3 vezes maior do que o custo financeiro médio dos países emergentes do levantamento feito pela Accenture, e 8 vezes maior do que o custo financeiro médio dos bancos dos países desenvolvidos. As despesas com juros representam 8,8% dos ativos rentáveis no Brasil, bem acima dos 5,4% na Índia, o país com o segundo maior custo financeiro na amostra do estudo.
O estudo ainda revelou que o custo operacional no Brasil (a proporção das despesas operacionais sobre os ativos rentáveis dos bancos) é de 4,5%, 30% acima do que o custo operacional médio dos países emergentes e mais de duas vezes o custo operacional médio dos países desenvolvidos.
De acordo com o levantamento, o spread médio no Brasil em 2016 era de 22%; na segunda colocação no estudo vem o México, com 9,1%, seguido da Alemanha, com spread de 5,5%. O estudo foi realizado com base em dados dos cinco maiores bancos brasileiros no período entre 2012 e 2016, e foram comparados com informações pesquisadas nos cinco maiores bancos de 12 países.
A inadimplência e os custos associados a ela, como as despesas com provisões e tributos cobrados sobre créditos com pagamentos em atraso, respondem por quase metade do spread no Brasil.
“É preciso reduzir o custo da inadimplência, principalmente focando na recuperação mais fácil, mais rápida e menos custosa de garantias”, afirma Murilo Portugal (foto), presidente da FEBRABAN. Segundo o executivo, outras medidas são necessárias, como a modernização do ambiente regulatório, para reduzir custos com burocracia, tributos, crédito direcionado a taxas artificialmente baixas e depósitos compulsórios obrigatoriamente mantidos pelas instituições financeiras no Banco Central.
Propostas
De acordo com Murilo Portugal, a FEBRABAN apresentou uma agenda de medidas ao Banco Central, ao Ministério da Fazenda e ao Congresso Nacional que poderá contribuir para a redução do spread. Entre as medidas estão a ampliação do uso efetivo de informações positivas para análises de crédito; eliminação de impostos na intermediação financeira; ampliação da oferta de produtos de captação de longo prazo; e redução dos riscos trabalhistas e legais que impactam os custos operacionais.
“Todas dependem de leis a serem aprovadas pelo Congresso Nacional”, diz. “Algumas já estão tramitando, como as mudanças no Cadastro Positivo”, complementa o presidente da Federação.
Portugal ainda enfatiza que, apesar de spreads mais altos, a rentabilidade dos bancos brasileiros é semelhante à de outros países. “O Brasil ficou em 5º lugar em termos de concentração.”
O estudo completo e as todas medidas propostas pela FEBRABAN para a redução do spread podem ser acessados neste link.